Durante uma vida não se deixou abater, quando pequena gostava de desenhar paisagens, desenhava até que bem, mas nunca se interessou realmente então se cansou.
Lia os livros mais interessantes que achava na estante do pai, o que era raro e quando acontecia lia de três a duas vezes a mesma pagina, ao olhar pra ela lendo, até se via algum problema. Mas só ela sabia que lia e relia, apenas pra prolongar o livro, e nesse tempo de espera aproveitava para intende-lo melhor. Até que intendia, derrubava sozinha as possíveis indagações que fazia em silencio e em silencio aprendia, aprendeu que terra é terra, que água é água, e que o vinagre não se mistura com o azeite, o tipo de coisa que todo mundo deve sabe, se não, não sabe de nada. Ela sabia mais do que devia, tanto que imaginava mais do que o normal, e consequentemente sofria. Quando se intende o que não deve intender, a confusão é apenas consequência, as aparências ficam evidentemente óbvias e irritadiças, as pessoas revelam a hostilidade que só deveria ser percebida com mais tempo e ao contrario do que dizem, é o conhecimento que assusta. Ao pensar melhor vê-se que se você não intende não teme pois é essa ignorância que as vezes te mantém corajoso. O que se aprende mais cedo, alem de formar covardes desfigura a criança que esses tais desejarão ser depois de velhos e se fazem patetas. Estes mesmos que escrevem livros tão apaixonantes, que as vezes desejamos ter nascido antes.
Quando ela percebeu que se encaixava nesse termo, tentou viver como vivem garotas novas, sem saber que estava antecipando um sentimento antigo.