quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mil e Um Sintomas - Parte I

Sabia ela que o fim estava próximo.
Dollores falava sozinha, todas as noites, só pra assimilar o decorrer do dia. Por vezes falava de coisas tristes, outras de coisas alegres, desejos e realisações. Dollores sabia o que dizia, a sabedoria pra ela era sinônimo de imaginação.

- Se quisesse saber das coisas, sairia pela rua recitando um livro, todos recitariam livros! Minha vontade é de escrever um. Um dia, as pessoas sabias gritaram minhas falas pela rua.

Dollores era incontrolável, até para si mesma, as vezes sentia que algo a puxava pra frente e pra traz, dependendo de onde a queria, e muitas vezes a colocavam no pior dos lugares. Aquele mais sujo e incomodo, ou simplesmente vazio. Esse era pior no mundo.
Muitas vezes, pobre Dollores ouvia o que não queria e até chegou a rir das coisas que odiava, ria até do eu maior medo no mundo, só pra parecer não se importar, sem se preocupar com força.

- Não preciso ser forte...

Dollores morava no andar térreo de uma casa quase vazia, com poucos moveis enormes, uma decoração transparente,seu nome estava escrito em cada comodo da casa, mais ainda na cozinha, ela odiava a cozinha. Tinha vizinhos barulhentos e via vultos vindos de uma casa pequena na rua de traz. Dollores odiava aquela casa, era assustador só de pensar que varias pessoas consiguiam viver numa casa tão pequena.

- Eles nunca se cansam deles mesmos?!

A casa era movimentada, tanto no meio quanto no fim da semana. Da casa de Dollores podia-se ouvir tudo que acontecia na vizinhança, em espacial naquela casa. O som das pessoas se movimentando não era fora do normal, nem estrondoso, o que mais chamava a atenção na verdade, era o silencio na casa de Dollores. Por tal motivo, nunca se sabia quando ela estava em casa, durante a noite as luzes continuavam apagadas,e quando dia, as janelas fechadas.

- O ar não circula aqui, mesmo se escancarassem as janelas, abri-las só vai fazer piorar o cheiro de mofo. Esse cheiro já estava aqui antes de mim.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Heróis

Clarisse sentia que nasceu não sei pra que, nem ela sabia, mas sentia desde pequena que sua vida tinha uma intensão maior que qualquer coisa. Não sabia muito bem o que faria da vida. Simplesmente sabia que todo o decorrer dela era um ensaio pro proposito maior do mundo, destino, Deus. Não se importava com quem a incumbira dessa missão secreta, sabia que era algo grande, importante."Eu nasci pra mudar o mundo!", dizia ela quando perguntavam o que ela queria ser quando crescesse; " quem disse que preciso crescer pra ser alguma coisa?! Posso ser o que eu quiser hoje." ou pelo menos era essa a certeza.
Insistente em sua ideia, prestava atenção no mundo, assistia os telejornais noturnos, na esperança de que ouvisse um chamado divino enquanto ouvia a noticia, ou então aquele filme de ficção cientifica, onde o super-herói descobre tarde seus poderes mágicos.
- Já tenho 11 anos, e ainda não se manifestou poder maior. Talvez eu não seja uma super heroína, ou meus poderes já se manifestaram e não percebi... Há algo de novo em mim?!
Durante meses pesquisou em diversos lugares, atividades fora do normal, alguma coisa que pudesse ter ligação dela com outro planeta, talvez. Achou informações desordenadas, mas sem ligação com constelações indecifradas.
- Oh! Uma mulher deu a luz a quadrigémeos um dia depois deu ter tropeçado naquela pedra! Não... isso foi mês passado, e essa noticia é de três anos. Na cidade tem uma mulher de 100 anos... Não sei como alguém pode viver tanto, quantas coisas ela deve ter visto. Viver um século deve ser cansativo.
Nada entre o que ela havia encontrado, a ligava à um sentido maior, Clarisse não se decepcionou, sabia muito bem que sua vida tinha um proposito maior que qualquer vontade, ou desistência.
A cada ano que passava, Clarisse sentia que sua vida tinha um proposito ainda mais importante, a demora nunca a fez desistir da ideia de que mudaria o mundo, e independente da vontade de Clarisse, sabia que ainda haviam muitos anos a se esperar. Séculos talvez.

Erro?

Por horas se pensa como descrever uma coisa, muitas delas já são descritas, nesse caso não é necessário pensar, apenas se fala! Foi o que elas disseram, quando olharam e sussurraram :

- Eu amo...

Nisso eu que me assustei, recorri a minhas estruturas, imaginei como sempre imagino, desencadeei uma seção de desagrado. Em meus registros isso era impossível, pois se uma definição se procura e se encontra, no que consta em minha biblioteca, necessita-se de anos para constatar tal coisa.
Tal façanha seria impossível, mesmo ao mais romântico dos seres viventes, não existe amor sem definição, não se defini o que ela sente por amor, ao menos não em minha percepção, mais por indignação do que curiosidade, perguntei o que era o "amor?". Não puderam me responder, e o mais engraçado foi como disseram que não podiam " amor não se define, apenas sente...", eu perguntei a ela, a outra, a varias pessoas, "... como se sabe sentir o que não se tem definição? Como se diz sentir, se não sabe o que é?". Perguntas as quais existem varias respostas, e sim, já me certifiquei da maioria, dessas muitas duas perguntas surgiram. Duas opções na verdade, e assas sim mesmo com definição é difícil escolher.
- Sera que minha definição é falha, e não sei o que de fato é amor, ou o mundo esta errado?
Talvez eu só sinta inveja, pra elas tudo é tão facil.